Encanto das Curvas: Reflexão sobre o caminho da vida, por Juvenil Coelho

Porto Velho, RO - Desde tempos imemoriais, a humanidade contempla o intrigante jogo das curvas que adornam o tecido da existência, desviando-se graciosamente do austero rigor das linhas retas. Em um passado remoto, concebemos a reta como o mais eficiente trajeto entre dois pontos, uma epifania que reverberou através dos séculos, ecoando nas construções majestosas e nas viagens audaciosas que moldaram nossa história. No entanto, apesar da lógica indiscutível desses preceitos geométricos, a alma humana anseia por algo mais do que a previsibilidade monótona da linha reta.

É nas curvas, nesse intrincado emaranhado de formas sinuosas, que encontramos a verdadeira essência da jornada humana. Em sua elegância serpenteante, as curvas nos convidam a explorar os meandros ocultos da experiência, a abraçar a imprevisibilidade do destino com uma ardente paixão pela descoberta. Como navegantes destemidos em um mar de possibilidades, somos atraídos pelas curvas que pontuam nosso caminho, conscientes de que são elas que conferem sabor à nossa jornada.

Do arrebatador canto das sereias aos sutis murmúrios das folhas ao vento, as curvas nos cercam com sua poesia intrínseca, convidando-nos a dançar ao ritmo frenético da vida. Assim como os antigos marinheiros que buscavam refúgio nas curvas suaves das baías, buscamos abrigo no abraço acolhedor das curvas que moldam nossa existência.

Enquanto alguns se apegam teimosamente à rigidez da linha reta, relegando-a ao domínio da monotonia e da previsibilidade, nós, os amantes das curvas, abraçamos a complexidade vertiginosa do traçado sinuoso. Pois é nas curvas que encontramos a beleza indomável da imperfeição, a emoção visceral da jornada humana em toda a sua glória e tragédia.

Que cada curva do destino nos inspire a abraçar a incerteza com coragem e gratidão, pois é nesse intricado labirinto de formas e contornos que verdadeiramente descobrimos o milagre da vida. Que assim seja, tanto nas curvas suaves da estrada quanto nas encruzilhadas tortuosas da alma.

O autor Juvenil Coelho é jornalista, escritor, poeta, articulista político e diretor executivo do Instituto Phoenix de Pesquisa Descritiva.